Projeto Rondon - Entrevista com Kezia Shigueoka
A
estudante do 5º ano de Odontologia da UEL Kezia Emy Shigueoka foi a única
paranaense a participar de uma missão da Marinha Brasileira, dentro do Projeto
Rondon. Kezia desceu o Rio Amazonas
dentro de um navio hospitalar, oferecendo assistência às comunidades ribeirinhas
da região. De volta a Londrina após duas semanas de trabalho, Kezia fala sobre
suas experiências no norte.
Pergunta: Fale como foi o seu trabalho nessa missão
Kezia: Foi uma experiência bem diferente do que estamos
acostumados a ver aqui na região, as pessoas são bem diferentes, as culturas...
Tudo é bem diferente. Parece ser outro país, não parece ser o Brasil que
estamos acostumados a ver por aqui. Apesar de vermos essas coisas acontecerem
aqui também, lá é bem diferente.
Como foi trabalhar em um navio? Como era sua
rotina?
Kezia: A rotina era bem diferente, nós seguíamos a normas do
navio. Tudo tinha horário... Café da manhã, almoço, janta... Eles tinham os
horários deles então nós acompanhávamos os horários do navio. O navio era bem
tranqüilo, como ele era grande e era no rio, não no mar... Até achei que ia
enjoar, mas não enjoei.
Você foi à única escolhida do Paraná para
participar desse projeto. Como foi essa interação com pessoas de todo o Brasil?
Kezia: É diferente... É bem porque é algo que eu nunca
imaginei. Metade dos alunos era do Rio Grande do Sul, tinha gente de Maceió,
Fortaleza, São Paulo, Espírito Santo. Gente que você nunca imaginaria que fosse
conhecer. Foi bem legal.
E como foi o atendimento a população?
Kezia: Nós descemos pelo rio, chegávamos na comunidade, o
navio atracava e a população vinha até o navio, através de uma passarela. E
teve uma ou duas vezes que nós fomos até as comunidades. Pegávamos lanchas e
íamos até o local.
O que você aprendeu com essa experiência?
Kezia: Você volta outra pessoa, você vê que tudo é diferente
daqui. Você reclama de tudo, mas se você for parar para ver você tem de tudo.
Você não pode reclamar de nada... Principalmente a gente que tem a chance de
estar em uma universidade, você vê aquelas pessoas e vê que é muito diferente.
Sobre a área da odontologia
Kezia: Você vê crianças sem os dentes permanentes. Os
pais não possuem condições de cuidar dos dentes, então a melhor opção que os
pais acham é tirar os dentes. Aqui as pessoas conseguem tratamento, às
vezes demora muito tempo, mas você consegue. Lá... Como é longe de Manaus, ou
de qualquer outro lugar que tenha atendimento, o que sobra pra eles é arrancar
os dentes.
Você acha que vocês conseguiram passar esse tipo
de cuidado básico com a higiene dental para as comunidades?
Kezia: A marinha tinha kits de higiene bucal com escovas,
fios dentais e preservativos também. Nós demos oficinas de instrução de higiene
bucal e distribuímos kits para eles. Nós esperamos que eles usem.
O que você acha que irá levar dessa experiência
para sua carreira profissional e para sua vida?
Eu aprendi a dar mais valor a tudo. A tratar o
paciente melhor, independente de sua condição de vida, do seu nível
social.
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